Olá meus amigos Ulti-Nautas,

Em primeiro lugar, perdoem-me pelo meu desaparecimento por tantas semanas. Para compensar-lhes, aqui vai um post mais longo do que o de costume.

Há doze meses (05/11/2008), saía de cena o senador americano por Illinois e nascia o candidato eleito para a presidência dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama. Um ano depois, Obama sopra as velinhas numa festa decorada com temas de guerra, balões coloridos com figurinhas da reforma do sistema de saúde americano, bolo em formato da prisão de Guantánamo, e tudo, é claro, preparado de forma ecologicamente correta a fim de evitar o aquecimento global.

É óbvio que ainda não é possível fazer uma análise mais acurada das ações do presidente Obama, até porque a eleição por si só não transfere automaticamente o poder de governar (Leia também “45 anos depois”). Vale lembrar que muitas das reformas estruturais prometidas por Barack Obama dependem de ampla aprovação do Legislativo americano, que é composto por 535 “representatives” (deputados) e senadores.

Não menos importante, é preciso levar em conta a “herança” de oito anos de (des)governança deixada por seu antecessor: uma dívida interna de um trilhão de dólares, crise política interna, crise econômica comparável apenas à de 1929, indisposição diplomática internacional com a política externa dos Estados Unidos (sobretudo nos países da Liga Árabe e do Sudeste Asiático), uma falida e infrutífera guerra no Iraque, além de infindáveis denúncias de tortura contra os prisioneiros da “Guerra contra o Terrorismo” (“War on Terror”) em Abu Ghraib e Guantánamo.
Deixando a enrolação de lado, indico aqui algumas das minhas impressões do aniversário da eleição do presidente norte-americano e de algumas de suas decisões tomadas no “Oval Room”:

Ups
Barack Obama ainda é visto por boa parte dos americanos como um grande líder (Leia “Obama: meu herói número 1”). Seu poder de persuasão, uso da retórica e carisma parecem não ter se empoeirado muito nesta estrada de um ano. Suas conquistas políticas desde a sua posse são bastantes significativas, se consideradas as inúmeras variantes negativas do cenário político-econômico americano que citei anteriormente.

O pacote de recuperação econômico implementado pelo atual governo, embora não tenha ainda revelado seus efeitos positivos na curva do emprego, ajudou a evitar uma depressão ainda maior no mercado financeiro, econômico e de imóveis. O governo Obama “baixou” também uma série regulamentações que aumentaram o rigor na fiscalização das financeiras, seguradoras e bancos. De certa forma, tal ação contribuiu para estancar a bolha superavitária do mercado imobiliário americano, bem como para estancar o esquema de “sub-primes” que deflagrou a crise econômico-finaceira nos Estados Unidos.

Barack Obama tem tido considerável sucesso em convocar a população e o Congresso Americano para discutir e implementar mudanças no caótico sistema de saúde dos Estados Unidos, no sistema educacional, bem como no sistema de políticas de imigração. Suas políticas de fomento à pesquisa e implementação de novas matrizes energéticas têm sido notáveis. Ressalto aqui, também, que foi Obama quem indicou a primeira mulher hispânica para ocupar assento na mais alta corte de justiça do país (“The Supreme Court”).

No âmbito de suas políticas externas, é válido mencionar a aproximação do atual governo dos países em desenvolvimento, a abertura de negociações com Cuba, a ordem de retirada de várias tropas do Iraque, a pressão para estancar a corrida armamentista nuclear – sobretudo contra o Irã – e a ordem para o fechamento de Guantánamo até janeiro de 2010.

Downs
Algumas contradições e alguns pontos negativos do governo Obama colocam em xeque sua trajetória, ideologia e plano de ação. Mais do que isso, tais contradições pintam o presidente numa tela de “ménage à trois”, fazendo concessões e acordos com deuses e diabos ao mesmo tempo, a fim de colocar em prática seu projeto político de América (algo parecido com o que o nosso presidente tupiniquim de barbas brancas afirmou aí no Brasil há três semanas: “Se Jesus estivesse entre nós hoje e quisesse vencer as eleições presidenciais, faria acordo até com Judas”).

Concentro-me aqui nos dois pontos negativos que considero mais melindrosos da política externa “Obamística”:

1. Guerra no Afeganistão: Aqui, me limito a dizer que nos Estados Unidos há uma espécie de mão invisível que move o país para aventuras bélicas. Vou mais além, acredito que aqui há vários discípulos de Goebbles repetindo a todo tempo um sem-número de mentiras para fazer crer como verdadeira a assertiva de que a Guerra no Afeganistão é válida, necessária e passível de sucesso. Ao mover os soldadinhos de chumbo do Iraque para o Afeganistão, Barack Obama repete o mesmo erro histórico de seu antecessor. Aliás, de seus antecessores, pois que não foi diferente assim com o Vietnã, com o Golfo Persa, e muito menos com a Bósnia.

2. Irã: Acredito que, desde o Terceiro Reich, não houve alguém que atacasse tão abertamente e tão veementemente os judeus (leia-se o estado de Israel) quanto o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Ahmadinejad não apenas nega o holocausto, como ameaça destruir o Estado judeu. E não parece estar para brincadeira, haja visto os reiterados testes de foguetes de médio e longo alcance, além do enriquecimento de urânio. Barack Obama, entretanto, tem estado silente ou pouco incisivo quanto a essa questão até o presente momento. Esse silêncio pode lhe custar caro.

É Ulti-Nautas, EUAvisei que não seria moleza! Podem jogar as pedras! Se preferirem, podem me twittar.

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