A expressão "natureza humana" aparece dez vezes nos 17 primeiros versos do capítulo oito da Epístola de Paulo aos Romanos, na Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Essas palavras dizem respeito aos pendores naturais do ser humano — como ele vive, age e reage, como se comporta — em qualquer lugar, em qualquer tempo, etnia (ou raça), cultura, em quaisquer circunstâncias. Há várias ciências que estudam anos a fio a natureza humana — a antropologia, a biologia, a psicologia, a sociologia, a filosofia, a teologia e até a lingüística. Cada uma delas tem suas explicações, respostas e conclusões. 

Cientistas, escritores, artistas, jornalistas e religiosos, todos referem-se à natureza humana, pois ela é sempre estranha, confusa e preocupante. Deixada à vontade, essa natureza é capaz de causar grandes estragos, quase sempre irreversíveis. A obrigação imposta por Jesus Cristo de negar-se a si mesmo é o único dique para barrar os impulsos negativos da natureza humana (Marcos 8.34). Em última análise, a natureza humana é responsável por todas as desgraças que têm assolado a sociedade, desde a incorrigível injustiça social até a sucessão interminável de conflitos bélicos. Ela explica também o chamado femicídio, "termo cunhado para denominar a eliminação sistemática de mulheres". O mais constrangedor é que, conforme a Organização Mundial de Saúde, 70% das mulheres assassinadas são vítimas de seus companheiros (namorados, maridos ou amantes). 

É a natureza humana indomável que explica tanto o que aconteceu em Joaçaba, SC, como o que aconteceu em Viçosa, MG, quase na mesma semana (de outubro de 2008). No primeiro caso, dois jovens de 18 anos e um de 16 estupraram uma menina de 15, filmaram o ato e divulgaram as imagens pela internet. No segundo caso, um idoso de 74 anos estuprou uma menina de 10 e manteve contatos voluptuosos com outra de 9, em um mesmo dia, na casa dele. A natureza humana negativa está presente em jovens e em idosos, em famílias da classe média (caso dos rapazes de Joaçaba) e da classe pobre (caso do aposentado de Viçosa). 

São essas coisas que levam certas pessoas a pôr a mão na ferida humana. Em entrevista à Folha de São Paulo, o psicanalista britânico Adam Phillips disse que “pessoas que parecem normais podem ser mais loucas que os loucos”. Outra análise vem do jornalista Lúcio Sant’Ana: “Independente da teoria mais correta, certo é que o homem, em qualquer tempo, é mau por natureza. É um predador que apenas entende de valorizar suas vontades e desejos. Como centro de um microuniverso, o homem persegue suas ambições e não encontra limites para elas”. 

No que diz respeito à natureza humana nenhuma análise é mais esclarecedora e lúcida do que a análise da teologia. Ela trata do assunto de forma ampla. Segundo a teologia, a natureza humana está contaminada e dominada pelo mal, embora não tenha perdido por completo alguns lampejos do bem. O ser humano foi criado pelo Deus Santo, mas caiu dessa posição com o pecado de Adão: “Por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores” (Romanos 5.19). O primeiro pecado afetou toda a raça humana. Imediatamente após a queda, houve inveja, ciúme, raiva, orgulho, violência, mentira e insolência. Estranha bagagem que todos carregamos dentro de nós e que só não sairá de lá se trancarmos todas as portas, de modo decisivo e contínuo. Pelo menos os cristãos têm a obrigação de não viverem de acordo com sua natureza humana. Eles precisam viver de acordo com o Espírito de Deus que habita neles (Romanos 8.13).

  1. O primeiro homem pecou por descuido de seu criador.
    A culpa é oriunda da imprudência, negligência e imperícia.
    Era previsível que se deixassem o homem e a mulher juntos num lugar onde havia perigo, algo de errado podia acontecer e acabou acontecendo e o criador não previu o que era previs´vel. Nisso reside a culpa.
    Agora, nós que não fomos consultados se queríamos nascer fomos
    aqui colocados compulsoriamente. E seremos daqui retirados do mesmo modo.
    Pagamos pelo pecado original sem termos contribuído para a sua prática.
    A morte é resultado do erro de alguém na origem. Pior, não te-
    mos praticamente nenhum livre arbítrio. Pois não desejo morrer, no entanto, querendo ou não morrerei. Onde está o livre arbítrio?
    Ainda somos ameaçados pelo criador, se não formos segundo sua vontade, nos mandará para o inferno. Não pedimos para nascer nem consutados fomos se queríamos nascer.
    Agora queremos ficar aqui sem morrer, novamente somos desrespeitados, a natureza nos mata sem dar a menor satisfação.
    Peço as minhas escusas por estas reflexões.

  2. Não é verdade que o primeiro homem pecou “por descuido do seu criador”. Aliás, essa possibilidade estava clara e, tanto o homem como a mulher sabiam disso (Gn 2.16 e 17).
    Bem, depois disso, sabemos o que aconteceu. E, para enfrentar as “contradições” apontadas no comentário acima, não há outra saída a não ser o que é sugerido no final do artigo: “Estranha bagagem que todos carregamos dentro de nós e que só não sairá de lá se trancarmos todas as portas, de modo decisivo e contínuo. Pelo menos os cristãos têm a obrigação de não viverem de acordo com sua natureza humana. Eles precisam viver de acordo com o Espírito de Deus que habita neles (Romanos 8.13).

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